uma mulher sozinha incomoda muita gente.
tipo aquela música que a gente que sofria bullying na escola ouvia bastante.
em uma sociedade machista e patriarcal construída na ideia de que o amor romântico é a base de uma vida feliz e completa, uma mulher sozinha só pode ser: frustrada, “muito difícil”, solitária e infeliz. ou secretamente apaixonada por um amigo homem. e também eternamente infeliz por esse amor não correspondido.
porque o homem é basicamente imprescindível pra sobrevivência desse ser frágil e incapaz. porque nossa, homens são mesmo irresistíveis. e fortes. e príncipes encantados que salvam indefesas princesas inúteis pra qualquer coisa que não seja cuidar dos mesmos.
uma mulher não pode dizer que não acha legal a dinâmica do amor romântico, ou mesmo não acreditar nele, ou construir relações significantes com pessoas de outro gênero que não sejam românticas. porque você sabe né, é assim que é: mulher não pode ter uma relação com um homem que não envolva um amor platônico. porque, de novo, homens são irresistíveis.
o mais engraçado de uma situação como essa é que o questionamento vem sempre de outros homens. engraçado do tipo lamentável, claro. porque o homem e seu grande privilégio no mundo acha que tudo bem questionar sobre os sentimentos de uma terceira pessoa que ele não conhece, não convive, não sabe quem é. esse grande ser elevado e evoluído que acha que tem direitos sobre o corpo dos outros, o desejo dos outros. direito de perguntar, querer saber, de invadir o espaço de alguém dessa forma.
uma mulher sozinha incomoda porque é livre. e uma mulher livre pode querer pegar quem ela quiser, desejar quem ela quiser, fazer o que (ou quem) ela quiser. e ninguém, mesmo, tem exatamente nada a ver com isso.

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