o silêncio ensurdecedor de quem não tem nada a dizer

(tinha escrito esse texto num dia péssimo, puta da vida. salvei pra postar depois. ou achei que salvei. vou tentar reproduzi-lo, agora sem a força da raiva anterior, mas ainda assim com a indignação latente).

muito radical. canceladora. intransigente. termos que foram dirigidos a mim em vários momentos nos últimos tempos.

depois das últimas eleições ouvi muito que eu estava sendo radical demais, só por achar indesculpável a escolha pela extrema-direita. por um cara que prega o ódio e defende torturadores. não quero ver, não quero saber, não me interessa. ponto. se arrependeu? ótimo, mas as consequências da sua decisão muito difícil (que na verdade foi bem fácil, bem sabemos) estão aí e continuarão por muito tempo ainda. seja melhor e não espere empatia ou simpatia vindas de mim.

mas isso é só um exemplo.

também sou chamada assim quando falo sobre homens. comportamentos babacas não me descem. principalmente vindos de gente que tem tudo pra não tê-los. conhecimento, diploma, carga de leitura, participação em movimentos. o que quer que seja. ah eu sei que nem todo homem, mas se você é o iluminado que não é babaca, espalhe a palavra pros seus amiguinhos.

prestes a completar meus 31 anos eu só não tenho mais vontade e/ou disposição pra certo tipo de comportamento. passei grande parte da vida justificando atitudes, aguentando coisas que não deveria. pela vontade de ser querida por eles, de pertencer, fazer parte. não mais. ah, tudo bem se ele me trata mal na frente dos outros porque quando estamos só nós dois ele é carinhoso e conta comigo. tudo bem que por mensagem ele é ótimo, mas inventa as desculpas mais esfarrapadas do mundo quando pergunto quando vamos sair. tudo bem que ele some. ele deve estar num dia ruim, deve ser o jeito dele, se vocês conhecessem como eu conheço saberiam o porquê de eu gostar tanto dele. ele é incompreendido. está numa fase difícil. é muito novo. é mais velho e esse é o jeito dele mesmo vou fazer o que? eu que crio muitas expectativas. preciso aceitar que essa é a personalidade dele… a lista vai longe.

não dá mais pra passar pano pra comportamentos deliberadamente babacas. errar, todo mundo erra; a gente faz merda de vez em quando mesmo e perdão é nobre e libertador. mas não é esse o caso. aqui, todas as pessoas dos exemplos acima sabiam o que estavam fazendo. e fizeram assim mesmo. porque fazem. porque não se importam com os outros, porque o egocentrismo é tão grande que não enxergam o outro como alguém que merece cuidado. e não falo aqui de paternalismo barato, mas sim de cuidado com o sentimento alheio. gente que só consegue pensar em si mesmo não enxerga um palmo adiante do nariz. atitudes revelam caráter.

a gente aceita o amor que acha que merece é uma frase de um livro que eu nem gostei muito mas eu uso, porque acredito nela. quanto mais a gente se valoriza e se vê como alguém que tem defeitos, como todo mundo, mas que entende o valor real das relações de afeto, e das relações em geral, a gente entende que não precisa dessas migalhas.

e se isso me faz a canceladora que pega ranço fácil demais, oh well.

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