a volta

faz tanto tempo que eu não venho aqui que até o aplicativo se desativou no celular. a vontade de escrever vem em ondas como o mar, mas o cotidiano e a preguiça, às vezes, fazem com que essa tarefinha que nem é uma tarefa, visto que é uma atividade extremamente prazeirosa, continue ficando pra escanteio. tem também o bom e velho momento de achar que todas as minhas boas ideias não se concretizam na execução e saem textos bem mais ou menos, como provavelmente esse.

mas, se cheguei até aqui, vou continuar (espero que isso estimule vocês meus muitos leitores a prosseguirem comigo nesses exíguos parágrafos a seguir).

a quarentena, o isolamento, que nem é real porque nada nesse país é sério ou funcional, cobra um preço muito alto. dia 15 de março foi a última vez que peguei o metrô, que fui a uma distância de mais de 2 kilômetros de casa, a última vez que vi uma peça, a última vez que abracei o will, que eu o vi pessoalmente.

me sinto numa daquelas narrativas de “se ela soubesse que era a última vez…”. teria ficado mais tempo na rua, teria ido comer no mcdonald’s e assistido “kintsugi”, aproveitado melhor o tempo, dado mais abraços, prolongado esses abraços a mais? e na última vez que fomos beber, teria tomado mais uns litrões, procurado outro bar depois que aquele fechou, passado na liberdade, saído mais cedo, aproveitado a rua, teria andado até os pés cansarem? sabendo que aquela segunda semana de março foi cheia de últimos será que eu teria vivido do mesmo jeito?

eu estou exausta. e-xaus-ta.

eu nem sei mais o que escrever, e é por isso que eu não escrevo. porque nada parece fazer sentido. os dias são todos iguais e há três meses eu durmo e acordo com medo. e com saudades. eu sonho com meus lugares preferidos, com a minha vida de antes e acordo pra um grande pesadelo.

e depois de três meses pela primeira vez eu chorei. de raiva, de medo, de frustração, de desesperança, de cansaço e saudades.

exausta.

e é isso.

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